quarta-feira, 27 de abril de 2011

Maria Santíssima, Sacrário da Divina Graça


É-nos muito difícil conservar a Graça e os Tesouros recebidos de Deus”, nos diz São Luís Maria G. de Montfort, no capítulo II do Tratado da Verdadeira Devoção. Tomando essa afirmação como referência, iniciemos a nossa reflexão partindo da seguinte questão: você seria capaz de entregar nas mãos de uma criança, um recipiente delicadíssimo, e ainda, de incomparável valor? Acredito que não, tamanho o zelo que temos com objetos que nos são caros. No entanto, será que já paramos para pensar no quão frágil somos para guardar conosco o preciosíssimo e inigualável tesouro que é a graça de Deus?
Da mesma forma que não confiaríamos a uma criança um vaso nobre e delicado, temendo que ela logo se distraísse e deixasse o vaso de imensa nobreza cair, não devemos confiar em nós mesmos, achando-nos capazes de carregarmos por nossas próprias forças a graça de Deus.
Vejamos o que nos diz São Paulo (cf. 2 Cor 4,7): “Ora, trazemos esse tesouro em vasos de barro [...]”. Complementando o seu pensamento, nos diz: “Somos afligidos de todos os lados, mas não vencidos pela angústia; postos em apuros, mas não desesperançados; perseguidos, mas não desamparados; derrubados, mas não aniquilados” (cf. 2 Cor 4, 8-9).
É com base nessa passagem que Montfort formula os seus argumentos a respeito da importância fundamental que a Virgem Santíssima assume enquanto celeiro riquíssimo (cf. TVD, art. 45) onde o Senhor depositou todas as graças. Assim, esse grande apóstolo da Virgem Maria e da Cruz, nos mostra três razões pelas quais devemos confiar muito menos em nós e muito mais na Virgem Cheia de Graça (cf. Lc 1, 28), são elas (cf. TVD, art. 87):
1º Porque temos este tesouro, mais valiosos que o Céu e a Terra, em vasos frágeis (cf. 2 Cor 4,7); num corpo corruptível, numa alma fraca e inconstante, que por um nada se perturba e abate.
2º Porque os demônios, que são ladrões muito finos, querem apanhar-nos de improviso, para nos roubar e despojar. Para isso espreitam noite e dia o momento favorável. Rondam incessantemente, prontos para nos devorar e nos arrebatar num só momento, por um único pecado, tudo o que ganhamos em graças e méritos durante muitos anos.
3º É difícil perseverar na justiça, por causa da estranha corrupção do mundo. Ele está, presentemente, tão corrompido, que se torna quase inevitável serem os corações religiosos manchados, senão pela sua lama, ao menos poeira.
Percebemos, portanto, que somos fracos e limitados por demais para confiarmos apenas em nós mesmos. Lembremo-nos que o maior pecado de Satanás foi o orgulho, que surgiu da resistência em ser submisso ao Senhor e do desejo de ser como Deus. Desse modo, estejamos atentos, para que não sejamos pegos por esse mesmo pecado, deixando-nos envenenar pela falta de humildade. Sobre isso argumenta Montfort: “Ah! Quantos cedros do Líbano, quantas estrelas do firmamento não têm-se visto cair miseravelmente e, em pouco tempo, perder toda a sua elevação e claridade! Donde proveio esta estranha mudança? O que faltou não foi a graça, que não falta a ninguém, foi a humildade!” (cf. TVD, art. 88).
Saibamos que existe, pois um Cofre Imaculado, onde Deus Pai quis depositar a maior de todas as graças, o próprio Jesus! Atentemo-nos para o fato de que o próprio Deus, de onde nos vem todas as bênçãos e graças, quis habitar num Sacrário Seguríssimo e inviolável, consagrado inteiramente a Ele, lacrado pelo próprio Espírito Divino, quis se fazer carne no ventre puríssimo da Virgem Maria.
Até o próprio Deus, a nossa fortaleza, fez-se pequeno e frágil, dependente dos cuidados de Sua Santíssima Mãe. Por que, então, insistir em trazer a graça de Deus em vasos tão frágeis, ou ainda, por que insistir em carregarmos esse vaso? Por que não entregamo-lo nas mãos de Nossa Senhora? Será que Aquela que foi a escolhida para carregar o próprio Deus em Seu ventre, não será capaz de carregar o vaso insigne que guarda todas as graças que recebemos do Senhor?
Por isso não devemos confiar em nós mesmos, mas sim, naquela em que Deus quis confiar, e que jamais O decepcionou. Os discípulos fugiram, negaram e abandonaram o Seu Senhor. Mas, a Sua Mãe jamais fugiu, mesmo quando ficou surpresa em ser escolhida para ser a Mãe de Deus. Ela jamais O negou, mesmo quando Jesus e os Seus foram perseguidos! Ela jamais O abandonou, ao contrário permaneceu dolorosa, porém firme, de pé aos pés da Cruz de Jesus, recebendo d’Ele a missão de ser Mãe do Discípulo Amado: “Eis aí Tua Mãe” (cf. Jo 19,27) e por consequência, Mãe de toda a humanidade.
Por fim, aprendamos com Montfort a enxergarmos a Santíssima Virgem Maria como o Baú de todas as graças divinas, o lugar seguríssimo e selado, onde Satanás e seus seguidores nem se quer aproximam-se, e jamais conseguirão entrar: “É a Virgem, a única sempre fiel, sobre a qual a serpente jamais teve poder, quem faz este milagre a favor daqueles e daquelas que a servem da melhor maneira!”.

Confie-se inteiramente aos cuidados da Mãe da Graça, CONSAGRA-TE!

  
Referências

MONTFORT, São Luís Maria Grignion de Montfort. Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem. Anápolis: Serviço de Animação Eucarística Mariana, 2002.









  


Maria Cristina é membro aliança nível 2, casada e mora no Condomínio Mãe de Deus.

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